segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cezanne - Mulher com cafeteira

Paul Cézanne
(1839-1906), Aix-en-Provence – França.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pessoas BOUCHONNÉ .

O Sobreiro é uma arvore espontânea e cultivada. Atinge uma altura de 10 a 20 metros. A sua copa é ampla e pouco densa. O tronco ramifica-se em grossas pernadas, revestidas por uma casca acinzentada, espessa e fendida chamada cortiça. A extração da cortiça não é (em termos gerais) prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de "casca" com idêntica espessura a cada 9 - 10 anos, período após o qual é submetida a novo descortiçamento. A cortiça é um produto muito apreciado em todo o mundo, porque é um bom isolador térmico e acústico. Tem muitas aplicações: cortiços para abelhas, solas, palmilhas, bóias, papel de cortiça, serradura, granulado, aglomerados, o linóleo, mas principalmente no fabrico de rolhas para vinhos
Como a rolha e de origem vegetal esta sujeita a infestaçâo por fungos e bactérias c ontaminando o vinho.
(BOUCHON significa rolha, daí BOUCHONNÉ= arrolhado) Existem pessoas que são como o sobreiro demoram trinta anos para dar o primeiro fruto, e seu produto é uma rolha contaminada. O vinho arrolhado com tal produto para nada mais serve, tem que ser deitado fora..


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Paul Cezanne - Maçãs e laranjas

“Quando Cézanne pinta uma maçã, não pinta o exterior da maçã, pinta a maçã com sua carne, pinta seu diálogo com as outras maçãs, seu lugar na composição”, destaca Coutagne.

Imagem:Paul Cézanne 179.jpg

Advogados, Juizes, serventuários e ..botequeiros....


Dispõe o artigo 7º, inciso VIII, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, o chamado Estatuto da Advocacia, constituir direito do advogado ‘‘dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada’’.

O direito de se dirigir ou direito de ser recebido ou, ainda, direito de falar com o magistrado, representa uma das prerrogativas do advogado. Como tal, não constitui privilégio do causídico, mas garantia do exercício profissional.

A advocacia constitui um múnus público, dispõe o artigo 6º, do mesmo diploma, não haver ‘‘hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo-se todos consideração e respeito recíprocos’’ (caput), proclamando, ainda, que ‘‘as autoridades, os servidores públicos e os serventuários da Justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas ao seu desempenho’’ (parágrafo único).

Calha, no ponto, a advertência de Paulo Lôbo, para quem ‘‘se os magistrados criam dificuldades para receber os advogados, infringem expressa disposição de lei, cometendo abuso de autoridade e sujeitando-se, também, a punição disciplinar a ele aplicável’’ (Comentários ao Estatuto da Advocacia, 2ªed., Brasília Jurídica, Brasília, 1999, pág. 61).

Certa feita, precisei falar com o juiz para o qual tinha sido distribuído uma medida cautelar. Tratava-se de um caso de família, e a singularidade do fato é que cada uma das partes ingressou em juízo no mesmo dia, com o mesmo pedido, com uma diferença de sete minutos.

Tentei, falar com o secretário do Juiz, o caso era urgente, envolvia risco de vida. O Secretário segurando a porta dizia ser impossível , o Doutor "X" estava muito ocupado naquele momento. Insisti, e no segundo horário, não seria possível ?
- Não, já disse o DR está muito ocupado.
- Olha, disse eu, vou ficar aqui na porta, até o final do expediente. Eu preciso ser atendida hoje, e vou ser recebida, mesmo que seja o último ato do juiz hoje. Por favor avise o MM que estarei aqui fora ( no corredor) esperando ser recebida, disse enfaticamente. Era uma sexta-feira.

Após uma hora de espera, e ainda no horário do expediente, fui convidada a entrar. Saudei educadamente o Excelentíssimo, que não se dignou a responder. Após relatar os fatos, o Excelentíssimo assim se pronunciou: " O mundo está cheio de tragédias e de dramas, eu não sou responsável por elas, agora mesmo se eu abrir essa janela e olhar lá para baixo, vou ver pessoas que estão vivenciando muitos conflitos, tragédias, familiares, não posso resolver essas questões, não devo me envolver."
_ Sim, disse eu, mas das pessoas que buscam a Justiça, inda mais quando o feito é distribuido a esse Juizo, o Senhor Doutor pode e deve resolver. Olha Excelencia a parte e as testemunhas estão aí fora, o Senhor não pode ouví-las, ou pelo menos já marcar o dia para ouví-las?
- NÃO, provavelmente dada a urgência, daqui a vinte dias..., e olhou ostensivamente para o seu belo relógio de pulso. Sai, desolada.
A parte adversa levou seus dois filhos menores a presença do Dr Maurício - 1ª Vara de Família, o Doutor ouviu-os, concedeu a liminar, e no sábado de manhã o oficial de justiça estava intimando o meu cliente a se afastar de sua casa... ( Ponto pro Doutor Mauricio!!!!). Sorte da parte adversa, azar do meu cliente que flagrou sua mulher em adultério dentro do lar na presença dos filhos menores, e ainda não conseguiu a guarda provisória dos filhos e teve que sair de casa.
Eu, ganhei a antipatia do Excelentíssimo e de quase todos os sevidores daquela vara....
Mas o que eu ouvi ontem, eu disse ouvi, extrapola os limites da.... razão e do bom senso...
Contou-me o Dr Arnóbio Domingos Assunção que, ontem mesmo, precisando falar com o juiz do feito, bateu a porta do Gabinete do Juiz, entreabriu a porta uma serventuária que disse o Juiz não está e, fechou a porta. O velho advogado, que a olhos vistos tem mais de sessenta anos , e só por isso já e merecedor de atenção especial, bateu novamente à porta, queria saber na ausência do juiz quem poderia responder. Respondeu laconicamente, a supra mencionada servidora: ninguém. E fechou a porta. Bateu, novamente à porta, e dessa vez mais forte, o Dr Arnóbio, e foi logo dizendo, eu não acabei de perguntar, a Senhora só feche a porta após todos os meus questionamentos.
A servidora sentiu-se ofendida chamou um policial, que segurou rudemente o braço do ancião e perguntou à servidora: Quer que o retire daqui?
Foi preciso o Diretor do Fórum comparecer e informar ao policial que Advogados no exercicio da profissão não podem ser presos.

Ontem, também, após esperar trinta minutos numa escrivania de uma Vara de Familia, que não tinha nenhum serventuário no balcão, uma Advogada bateu palmas para chamar alguem, (lá não tem campainha como na JF). Apareceu um serventuario, com cara de poucos amigos e perguntou quem bateu? A pobre Advogada respondeu, eu. É que eu desisti do atendimento, não precisa mais procurar o processo...
Redargüiu o serventuário com cara de poucos amigos: isso aqui não é boteco, para se bater palmas, e voltou a se "esconder" na saleta contígua.
Claro que lá não é boteco. Os botecos são lugares mais espaçosos, mais arejados, o atendimento é bem melhor, o freguês tem sempre razão. O botequeiro é bem mais simpático!

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Pois é, estes fatos aconteceram no Fórum de Goiânia.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Charge - Meio Ambiente/Floresta amazonica





"Bords de la Marine", Cézanne - 1888

Funcionários de galeria seguram obra do francês Paul Cézanne (1839 - 1906) adquirida na Austrália por US$ 13 milhões (AFP)

Funcionários de galeria seguram obra do francês Paul Cézanne (1839 - 1906) adquirida na Austrália por US$ 13 milhões (AFP)



Uma galeria de arte de Sydney pagou 16,2 milhões de dólares australianos (13 milhões de dólares dos EUA) por um quadro do artista impressionista francês Paul Cézanne. A obra é mais cara já comprada por uma galeria pública da Austrália.

O quadro, "Bords de la Marine", foi pintado por Cézanne em 1888 e ficou exposto por mais de 100 anos na coleção particular de uma família suíça, disse Edmund Capoun, diretor da Galeria de Arte de New South Wales.

O quadro mostra construções do interior da França.

Lucian Freud

Menina com Cachorro Branco, 1951/52.


Lucian Freud - Auto Retrato

http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/freud/freud.reflection.jpg

LETRA BEM GRAANNNNDE - CDC Art.54 -§ 3º

O presidente da República em exercício, José Alencar, sancionou o projeto lei com mudanças no Código de Defesa do Consumidor. Foi alterado o Parágrafo 3º do Artigo 54, que agora determina que os contratos de adesão serão redigidos em termos claros e com, no mínimo, corpo de letra 12.

Apesar do código já exigir que os contratos fossem redigidos de forma legível, não havia um padrão mínimo de medida a ser observado para o tamanho da letra.

A lei foi publicada no Diário Oficial da União de 23 de setembro.

Abaixo, a íntegra da lei:

"LEI Nº 11.785, DE 22 DE SETEMBRO DE 2008.

Altera o § 3º do art. 54 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990 -Código de Defesa do Consumidor -CDC, para definir tamanho mínimo da fonte em contratos de adesão.

O VICE -PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE D A REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º O § 3º do art. 54 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 -Código de Defesa do Consumidor -CDC, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 54. ............................................................................

......................................................................................................

§ 3º Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.

......................................................................................." (NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de setembro de 2008; 187º da Independência e 120º da República.

JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA

Tarso Genro

José Antonio Dias Toffoli


terça-feira, 23 de setembro de 2008

CUIDADO!!!!


Cuidado com:

...o homem que não ri; principalmente com o homem que não ri de si mesmo.

*****

...também, com o homem que só ri. Perigoso é o homem que leva tudo a sério; deletério é o que não leva nada a sério.

*****

...o homem que promete governar todo mundo. Geralmente esse homem é ingovernável.

*****

...quem diz estar no coração do povo. O povo não tem coração; quem tem coração é o indivíduo. Os grandes crimes da história foram cometidos quando instintos pessoais foram transformados em paixões públicas. Aceitar que alguém vive no coração do povo é começar a admitir que existem inimigos do povo.

*****

...quem acredita muito em si mesmo e não teme a aproximação do mal.

*****

o homem cujo método é a perseguição. Ou você acabará perseguido.

*****

...quem mistura as noções de bem e mal. Lembre-se: o diabo é um relativista.

*****

...quem se acha imune ao pecado. Mais cuidado ainda com quem não acredita em pecado. Pois o pecado é igual ao mar: quer afogar quem tem medo dele; quem não tem medo, ele já afogou.

*****

...o homem que promete cuidar da cidade, mas não tem cuidado com os ouvidos alheios.

*****

...o homem que promete cuidar de você.

******

....o homem: o frasco de veneno pode estar no café pequeno.

*****

....o homem que diz ter pena (pública e barulhenta), mas não tem compaixão (íntima e silenciosa).

(Excertos , Jornal de Londrina - Coluna cuidado com o homem)

Matisse - A Italiana


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A Italiana, de Matisse (1916)

Matisse


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Matisse - Mulher argelina (1909)


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Gala Nua Mirando-se num Espelho Invisível - Dali

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Mulher na janela - Salvador Dali


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Nu na agua - Salvado Dali

25NudeInTheWater

Joan Miró - Portrait of Heribert Casany


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Joan Miró - Auto Retrato

Joan Miró - Interiores Holandeses

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Em 1928, Miró fez rápida visita à Holanda e ficou intrigado com o realismo das pinturas de gênero ( cenas do cotidiano) holandesas do século XVII expostas no Rijksmuseum de Amsterdam. Voltou a Paris com algumas reproduções em cartões postais e pintou uma série denominada Interiores Holandeses.



http://www.blogger.com/img/gl.align.left.gif


Allegoria della Primavera - Botticelli

Allegoria della Primavera di Sandro Botticelli

http://rubino.reticencias.com.br/fotos/primavera2006-thumb.jpg

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo…
Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos…

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar…
Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar…

Alberto Caeiro, em “O Guardador de Rebanhos”, 8-3-1914

Primavera - Cecília Meireles

As Colônias de Espiritos no Além por junkies.


A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.


Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1",

Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

domingo, 21 de setembro de 2008

Joan Miró - MATERNIDADE

A figura de mulher era quase sempre retratada como a mãe terra: um símbolo de fecundidade.

MATERNIDADE

Coleção particular, Londres

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Joan Miró

CÃO LATINDO PARA A LUA

Museu de Arte, Filadelfia ( XX )

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Joan Miró

MULHERES NA NOITE

Coleção particular, Paris - (XX)

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Joan Miró

PAISAGEM CATALÃ

Museu de Arte Moderna, Nova York - XX

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Joan Miró

Pintor e Escultor Espanhol (Surrealismo)
1893-1983



Terre Labouree1923 Framed Art Print by Joan Miro

Joan Miró

Pintor e Escultor Espanhol (Surrealismo)
1893-1983

Nude with a Mirror, 1919




sábado, 20 de setembro de 2008

Está ruindo....


Jornal de charges - O melhor do humor gráfico brasileiro na Internet - ano XII - Sábado 20/09/2008



Aforismos para a Sabedoria de Vida

A vida intelectual ocupará, de preferência, o homem dotado de capacida­des espirituais, e adquire, mediante o incremento inin­terrupto da visão e do conhecimento, uma coesão, uma intensificação, uma totalidade e uma plenitude cada vez mais pronunciadas, como uma obra de arte amadurecen­do aos poucos.

Em contrapartida, a vida prática dos ou­tros, orientada apenas para o bem-estar pessoal, capaz de incremento apenas em extensão, não em profundeza, contrasta em tristeza, valendo-lhes como fim em si mesmo, enquanto para o homem de capacida­des espirituais é apenas um meio. A nossa vida prática, real, quando as paixões não a movimentam, é tediosa e sem sabor; mas quando a movi­mentam, logo se torna dolorosa.

Por isso, os únicos feli­zes são aqueles aos quais coube um excesso de intelec­to que ultrapassa a medida exigida para o serviço da sua vontade. Pois, assim, eles ainda levam, ao lado da vida real, uma intelectual, que os ocupa e entretém ininter­ruptamente de maneira indolor e, no entanto, vivaz. Pa­ra tanto, o mero ócio, isto é, o intelecto não ocupado com o serviço da vontade, não é suficiente; é necessário um excedente real de força, pois apenas este capacita a uma ocupação puramente espiritual, não subordinada ao ser­viço da vontade. Pelo contrário, o ócio destituído de ocupação intelectual é, para o homem, morte e sepultura em vida (Séneca).


Ora, conforme esse excedente seja pe­queno ou grande, haverá inúmeras gradações daquela vida intelectual levada ao lado da real, desde o mero tra­balho de colecionar e descrever insetos, pássaros, mine­rais, moedas, até as mais elevadas realizações da poesia e da filosofia. Tal vida intelectual protege não só contra o tédio, mas também contra as suas consequências pernicio­sas. Ela é um escudo contra a má companhia e contra os muitos perigos, infortúnios, perdas e dissipações em que se tropeça quando se procura a própria felicidade apenas no mundo real.

Para mim, por exemplo, a minha filoso­fia nunca rendeu nada, mas poupou-me de muita coisa. O homem normal, pelo contrário, em relação aos de­leites de sua vida, restringe-se às coisas exteriores, à pos­se, à posição, à esposa e aos filhos, aos amigos, à socie­dade, etc. Sobre estes se baseia a sua felicidade de vida, que desmorona quando os perde ou por eles se vê iludi­do.

Podemos expressar essa relação dizendo que o seu centro gravitacional é exterior a ele. Justamente por isso, tem sempre desejos e caprichos cambiantes. Se os seus meios lhe permitirem, ora comprará casas de campo ou cava­los, ora dará festas ou fará viagens, mas, sobretudo, os­tentará grande luxo, justamente porque procura nas coi­sas de todo o tipo uma satisfação proveniente do exterior. Como o homem debilitado que, por meio de consom­més, canjas e drogas farmacêuticas, espera obter saúde e robustez, cuja verdadeira fonte é a própria força de vida.

Para não passarmos desde já ao outro extremo, coloque­mos ao seu lado uma pessoa dotada de capacidades es­pirituais não exatamente eminentes, mas que ultrapas­sem a escassa medida comum. Veremos tal pessoa prati­car como diletante uma bela arte, ou uma ciência como a botânica, a mineralogia, a física, a astronomia, a história e semelhantes, e nelas encontrar de imediato uma grande parte do seu deleite, nelas se reabastecendo quando es­tancam aquelas fontes exteriores ou quando não mais a satisfazem­.

(Arthur Schopenhauer)


 
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