domingo, 28 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
"Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como pão!
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!"Florbela Espanca, in 'Poesia Completa'
segunda-feira, 22 de março de 2010
domingo, 21 de março de 2010
Colhe o dia porque és ele
Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem; outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.Ricardo Reis
quarta-feira, 17 de março de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
Pedras no caminho?
"Posso ter defeitos,
viver ansioso
e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida
é a maior empresa do mundo,
e que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,
apesar de todos os desafios,
incompreensões
e períodos
de crise.
Ser feliz é
deixar de ser vítima dos problemas
e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis
no recôndito da sua alma.É agradecer a Deus a cada manhã
pelo milagre da vida.
Ser feliz é
não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica,
mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas.
Um dia vou construir um castelo..."(Fernando Pessoa)
Canção a caminho do Céu
Foram montanhas? foram mares?
foram os números...? - não sei.
Por muitas coisas singulares,
não te encontrei
E te esperava, e te chamava,
e entre os caminhos me perdi.
Foi nuvem negra? maré brava?
E era por ti!
As mãos que trago, as mãos são estas.
Elas sozinhas te dirão
se vem de mortes ou de festas
meu coração.
Tal como sou, não te convido
a ires para onde eu for.
Tudo que tenho é haver sofrido
pelo meu sonho, alto e perdido,
- e o encantamento arrependido
do meu amor.Canção a caminho do Céu
Cecília Meireles
Depoimento
"De seguro,
Posso apenas dizer que havia um muro
E que foi contra ele que me arremeti
A vida inteira.
Não, nunca o contornei.
Nunca tentei
Ultrapassá-lo de qualquer maneira.
A honra era lutar
Sem esperança de vencer.
E lutei ferozmente noite e dia,
Apesar de saber
Que quanto mais lutava mais perdia
E mais funda sentia
A dor de me perder. "
Miguel Torga
domingo, 14 de março de 2010
Carmen Miranda - O amor por duas terras!
Carmen – O amor por duas terras!
Os Correios buscam propagar, por meio da Filatelia, os valores culturais nacionais. Nesta emissão, presta homenagem a uma das grandes artistas do mundo, no centenário de seu nascimento: Carmen Miranda, talvez a mais importante personalidade artística brasileira de todos os tempos.
Carmen nasceu a 9 de fevereiro de 1909, na freguesia de Marco de Canaveses, em Portugal, mas veio para o Brasil com apenas dez meses de idade e, apesar de criada em meio à imensa colônia portuguesa do Rio de Janeiro dos anos de 1910 e 1920, revelou-se tão ou mais brasileira e carioca do que a maioria dos cariocas e brasileiros natos.
A musicalidade de sua fala nunca deixou de conter ecos da fala portuguesa. Brasileira de coração, mesmo depois de rica e famosa, nunca se esqueceu dos parentes distantes, comunicando-se sempre com eles, por meio de cartas, e ajudando-os.
Carmen tornou os brasileiros mais autênticos. Seu jeito de cantar, libertando o vocal brasileiro do sotaque lírico e da impostação operística predominante nas cantoras da época, veio diretamente das ruas e do seu próprio jeito de falar: cheio de gírias, de expressões modernas e de uma naturalidade que só ela tinha. Estilo nascido na cosmopolita Lapa, bairro carioca onde ela morou dos seis aos dezesseis anos, entre 1915 e 1925. Ouvindo-a no rádio e nos discos, durante toda a década de 1930, os brasileiros se reconheceram e se assumiram como o povo da versatilidade, da alegria e da espontaneidade.
Depois de gravar quase 300 sambas e marchinhas no Brasil, entre 1929 e 1939, e de contribuir decisivamente para a implantação da radiofonia, da indústria fonográfica e do cinema nacionais, Carmen foi seduzida pelos Estados Unidos, matriz do entretenimento mundial, e onde somente os melhores triunfavam. Carmen venceu assim que chegou, apesar de ter que limitar o seu repertório às marchinhas mais simples e animadas.
Carmen foi uma luso-brasileira até o fim. A poucos minutos do enfarte que lhe seria fatal, a 5 de agosto de 1955, em sua casa em Beverly Hills, cantou para os convidados dois fados portugueses. E foi ao som de seus eternos sambas e marchinhas que, uma semana depois, o povo carioca, aos milhares, conduziu-a à sua última morada, que ela sempre quis que fosse brasileira.
Ruy Castro
Escritor
terça-feira, 9 de março de 2010
Eu
Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura
Martha Medeiros
Um poema de Dunya Mikhail
A guerra trabalha duro
Quão magnificente é a guerra!
Quão ávida
e eficiente!
Cedo, pela manhã
ela desperta as sirenes
e despacha ambulâncias
a vários lugares,
estende macas aos feridos,
reune chuva
nos olhos das mães,
e desentoca coisas
de baixo das ruinas…Algumas são exangues e cintililantes,
outras são pálidas e ainda
palpitantes…
Isso produz muitas perguntas
nas cabeças das crianças,
entretém os deuses
com tiros de fogos de artifício e mísseis
em direção ao céu,
semeia minas nos campos
e colhe buracos e pústulas,
estimula famílias a emigrar,
poisiciona-se ao lado dos sacerdotes
enquanto eles amaldiçoam o diabo
(pobre diabo, ele permanece
com a mão no ferro em brasa)…A guerra continua seu trabalho, dia e noite.
Ela inspira tiranos
a oferecer longos discursos
premia com medalhas os
generais e com temas os poetas.
Ela contribui com a indústria
de membros artificiais,
provê comida às moscas,
acrescenta páginas aos
livros de história,
permite igualdade
entre assassinos e assassinados,
ensina amantes a escrever missivas,
acostuma jovens mulheres a esperar,
enche os jornais
com artigos e fotografias,
constrói casas novas
para os órfãos,
estimula os fabricantes de ataúdes,
dá aos coveiros
um tapinha nas costas
e desenha um sorriso no rosto do líder.A guerra trabalha com incomparável diligência!
E, no entanto, ninguém lhe destina
uma só palavra de louvor.
(versão: C. de A.)
Via://cdeassis.wordpress.com
domingo, 7 de março de 2010
08 de março "Dia da Mulher"
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.
Pablo Neruda
sexta-feira, 5 de março de 2010
Como perfume derramado é o teu nome
1 O cântico dos cânticos, que é de Salomão.
2 Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho.
3 Suave é o cheiro dos teus perfumes; como perfume derramado é o teu nome; por isso as donzelas te amam.
4 Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras; em ti nos alegraremos e nos regozijaremos; faremos menção do teu amor mais do que do vinho; com razão te amam.
5 Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão.
6 Não repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez; os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim, e me puseram
por guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei.
7 Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes deitar pelo meio-dia; pois, por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros?
8 Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as mulheres,
vai seguindo as pisadas das ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto às
tendas dos pastores.
9 A uma égua dos carros de Faraó eu te comparo, ó amada minha.
10 Formosas são as tuas faces entre as tuas tranças, e formoso o teu
pescoço com os colares.
11 Nós te faremos umas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos de prata.
12 Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu cheiro.
13 O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios.
14 O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi.
15 Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como pombas.
16 Eis que és formoso, ó amado meu,como amável és também; o nosso leito é viçoso.
17 As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de cipreste.Cantares de Salomão - Biblia
quinta-feira, 4 de março de 2010
Selo comemorativo 100 anos de nascimento de Tancredo
Tancredo Neves, em 75 anos, cumpriu um destino de homem público, conciliador e defensor da liberdade sem abrir mão de princípios. Como vereador, deputado, ministro, primeiro-ministro, governador e presidente não empossado, a vida dele se confunde com a trajetória da República brasileira.
A imagem que ficou na memória dos brasileiros foi a do primeiro civil a ser eleito presidente com o fim do regime militar, mas que não chegou a tomar posse.
"Sempre que você transige em princípios, ganha num episódio, mas só em um episódio. Perde em substância e permanentemente"
Tancredo Neves