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sexta-feira, 30 de julho de 2010

O Homem que Lê



Eu lia há muito.
Desde que esta tarde
com o seu ruído de chuva chegou às janelas.
Abstraí-me do vento lá fora: o meu livro era difícil.
Olhei as suas páginas como rostos
que se ensombram pela profunda reflexão
e em redor da minha leitura parava o tempo. —
De repente sobre as páginas lançou-se uma luz
e em vez da tímida confusão de palavras
estava: tarde, tarde... em todas elas.
Não olho ainda para fora, mas rasgam-se já
as longas linhas, e as palavras rolam
dos seus fios, para onde elas querem.
Então sei: sobre os jardins transbordantes,


radiantes, abriram-se os céus;
o sol deve ter surgido de novo. —
E agora cai a noite de Verão, até onde a vista alcança:
o que está disperso ordena-se em poucos grupos,
obscuramente, pelos longos caminhos vão pessoas
e estranhamente longe, como se significasse algo mais,
ouve-se o pouco que ainda acontece.

E quando agora levantar os olhos deste livro,
nada será estranho, tudo grande.
Aí fora existe o que vivo dentro de mim
e aqui e mais além nada tem fronteiras;
apenas me entreteço mais ainda com ele
quando o meu olhar se adapta às coisas
e à grave simplicidade das multidões, —
então a terra cresce acima de si mesma.
E parece que abarca todo o céu:
a primeira estrela é como a última casa.


Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?


Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso - e se me quebro?
Eu sou tua água - e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.

Depois de mim não terás um lugar
Onde as palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teu olhar que em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por largo tempo
E se deitará, na hora do crepúsculo,
No duro chão de pedra.

Que farás tu, meu Deus?
O medo me domina.


Rainer Maria Rilke -(Tradução: Paulo Plínio Abreu)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas."


"

Quando não te doeu acostumar-te a mim,
à minha alma solitária e selvagem,
a meu nome que todo afugentam.
Tantas vezes vimos arder o luzeiro
nos beijando os olhos e sobre nossas cabeças
destorcer-se os crepúsculos em girantes abanos.
Sobre ti minhas palavras choveram carícias.
Desde faz tempo amei teu corpo de nácar ensolarado.
Chego a te crer a dona do universo.
Te trarei das montanhas flores alegres,
copihues, avelãs escuras, e cestas silvestres de beijos.
Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas."

Pablo Neruda

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Toda rotina tem sua beleza



A idéia é a rotina do papel.
O céu é a rotina do edifício.
O inicio é a rotina do final.
A escolha é a rotina do gosto.
A rotina do espelho é o oposto.
A rotina do perfume é a lembrança.
O pé é a rotina da dança.
A rotina da garganta é o rock.
A rotina da mão é o toque.
Julieta é a rotina do queijo.
A rotina da boca é o desejo.
O vento é a rotina do assobio.
A rotina da pele é o arrepio.
A rotina do caminho é a direção.
A rotina do destino é a certeza.
Toda rotina tem sua beleza

(Desconheço o autor)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Verde que te quero verde.



Romance sonâmbulo

Federico Garcia Lorca

(A Gloria Giner e a
Fernando de los Rios)



Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua gitana,
as coisas estão mirando-a
e ela não pode mirá-las.

Verde que te quero verde.
Grandes estrelas de escarcha
nascem com o peixe de sombra
que rasga o caminho da alva.
A figueira raspa o vento
a lixá-lo com as ramas,
e o monte, gato selvagem,
eriça as piteiras ásperas.

Mas quem virá? E por onde?...
Ela fica na varanda,
verde carne, tranças verdes,
ela sonha na água amarga.
— Compadre, dou meu cavalo
em troca de sua casa,
o arreio por seu espelho,
a faca por sua manta.
Compadre, venho sangrando
desde as passagens de Cabra.
— Se pudesse, meu mocinho,
esse negócio eu fechava.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Compadre, quero morrer
com decência, em minha cama.
De ferro, se for possível,
e com lençóis de cambraia.
Não vês que enorme ferida
vai de meu peito à garganta?
— Trezentas rosas morenas
traz tua camisa branca.
Ressuma teu sangue e cheira
em redor de tua faixa.
No entanto eu já não sou eu,
nem a casa é minha casa.
— Que eu possa subir ao menos
até às altas varandas.
Que eu possa subir! que o possa
até às verdes varandas.
As balaustradas da lua
por onde retumba a água.

Já sobem os dois compadres
até às altas varandas.
Deixando um rastro de sangue.
Deixando um rastro de lágrimas.
Tremiam pelos telhados
pequenos faróis de lata.
Mil pandeiros de cristal
feriam a madrugada.

Verde que te quero verde,
verde vento, verdes ramas.
Os dois compadres subiram.
O vasto vento deixava
na boca um gosto esquisito
de menta, fel e alfavaca.
— Que é dela, compadre, dize-me
que é de tua filha amarga?
— Quantas vezes te esperou!
Quantas vezes te esperara,
rosto fresco, negras tranças,
aqui na verde varanda!

Sobre a face da cisterna
balançava-se a gitana.
Verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Ponta gelada de lua
sustenta-a por cima da água.
A noite se fez tão íntima
como uma pequena praça.
Lá fora, à porta, golpeando,
guardas-civis na cachaça.
Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar.
E o cavalo na montanha.



Federico Garcia Lorca
nasceu na região de Granada, na Espanha, em 05 de junho de 1898, e faleceu nos arredores de Granada no dia 19 de agosto de 1936.
A poesia acima foi extraída de sua "Antologia Poética", Editora Leitura S. A. - Rio de Janeiro, 1966, pág. 53, tradução e seleção de Afonso Felix de Sousa.



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A vida

Fotorecopilatorio 34

A vida, não tentes compreendê-la, e então ela será como uma festa.
E que cada dia te aconteça como a uma criança que, ao caminhar,
de cada sopro de vento vai recebendo presentes de flores.

Apanhá-las e guardá-las, nem nisso pensa a criança.
Tira-as devagar do cabelo onde se sentiam tão bem,
e estende as mãos aos jovens anos para receber novas flores.


Rainer Maria Rilke

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Solidão



A solidão é como uma chuva.
Ergue-se do mar ao encontro das noites;
de planícies distantes e remotas
sobe ao céu, que sempre a guarda.
E do céu tomba sobre a cidade.


Cai como chuva nas horas ambíguas,
quando todas as vielas se voltam para a manhã
e quando os corpos, que nada encontraram,
desiludidos e tristes se separam;
e quando aqueles que se odeiam
têm de dormir juntos na mesma cama:

então, a solidão vai com os rios...

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

METADE DA VIDA

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2e/Peras_-_Pears.jpg

Peras amarelas
E rosas silvestres

Da paisagem sobre a
Lagoa.

Ó cisnes graciosos,
Bêbedos de beijos,
Enfiando a cabeça
Na água santa e sóbria!

Ai de mim, aonde, se
É inverno agora, achar as
Flores? e aonde
O calor do sol
E a sombra da terra?
Os muros avultam
Mudos e frios; à fria nortada
Rangem os cata-ventos.

Hölderlin

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os Mochos




Sob os feixos onde habitam,
Os mochos formam em filas;
Fugindo as rubras pupilas,
Mudos e quietos, meditam.

E assim permanecerão
Até o Sol se ir deitar
No leito enorme do mar,
Sob um sombrio edredão.

Do seu exemplo, tirai
Proveitoso ensinamento:
— Fugí do mundo, evitai

O bulício e o movimento...
Quem atrás de sombras vai,
Só logra arrependimento!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

Obtido em Wikisource

quinta-feira, 3 de setembro de 2009




Alguns guardam o Domingo indo à igreja
Eu o guardo ficando em casa
Tendo um sabiá como cantor

E um pomar por santuário.

Alguns guardam o Domingo em vestes brancas

Mas eu só uso minhas asas

E ao invés do repicar dos sinos na igreja
nosso pássaro canta na palmeira.

É Deus que está pregando, pregador admirável

E o seu sermão é sempre curto.

Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final
eu o encontro o tempo todo no quintal.


Emily Dickinson
tradução de Manuel Bandeira


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O amor

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Um dia, quem sabe,
Ela que também gostava de bichos,
apareça numa alameda do zoo,
sorridente,
tal como agora está no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que por certo, hão de ressuscitá-la
Vosso Trigésimo século ultrapassará o exame de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então, de todo amor não terminado
seremos pagos em enumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo cotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravos de casamentos, concupiscência, salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casas.
Para que doravante
a família seja
o pai,
pelo menos o universo;
a mãe,
pelo menos a terra.

Vladimir Mayakovsky, 1923

Alinhar ao centro

Dizer que o tempo ameniza.
Isto é faltar com a verdade

Dor real se fortalece
Como os músculos, com a idade
É um teste no sofrimento

Mas não o debelaria
Se o tempo fosse remédio

Nenhum mal e
xistiria

Emily Dickinson

sexta-feira, 21 de agosto de 2009





And I'm a Rose!

A sepal, petal, and a thorn
Upon a common summer's morn --
A flask of Dew -- A Bee or two --
A Breeze -- a caper in the trees --
And I'm a Rose!

Sépala, pétala, espinho.

Na vulgar manhã de Verão –

Brilho de orvalho – uma abelha ou duas –

Brisa saltando nas árvores –

- E sou uma rosa!


Emily Dickinson




quarta-feira, 5 de agosto de 2009

" O cisne "


Este sacrifício de avançar

pelos feixes do irrealizado

lembra um cisne, altivo a caminhar.

E a morte - esse nada mais buscar

do chão diariamente repisado

-lembra a sua angústia de pousar

Sobre as águas que o recebem mansas

e cedem sob ele, em suaves tranças

de marolas que cercá-lo vêm;

enquanto ele, calmo e independente,

segue sempre majestosamente

como ao seu capricho lhe convém.


Rainer Maria Rilke



O Solitário

BLUE EYES


Como alguém que por mares desconhecidos viajou,
assim sou eu entre os que nunca deixaram a sua pátria;
os dias cheios estão sobre as suas mesas
mas para mim a distância é puro sonho.



Penetra profundamente no meu rosto um mundo,
tão desabitado talvez como uma lua;
mas eles não deixam um único pensamento só,
e todas as suas palavras são habitadas.

As coisas que de longe trouxe comigo
parecem muito raras, comparadas com as suas —:
na sua vasta pátria são feras,
aqui sustém a respiração, por vergonha.

Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"


Tradução de Maria João Costa Pereira

terça-feira, 4 de agosto de 2009

As penas do amor

http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt/imagens/Imagenes/2009/26Maro//Ver_Passer_domesticus.jpg

Sobre os telhados a algazarra dos pardais,
Redonda e cheia a lua - e céu de mil estrelas,
E as folhas sempre a murmurar seus recitais,
Haviam esquecido o mundo e suas mazelas.

Então chegaram teus soturnos lábios rosas,
E junto a eles todas lágrimas da terra,
E o drama dos navios em águas tempestuosas
E o drama dos milhares de anos que ela encerra.

E agora, no telhado a guerra dos pardais,
A lua pálida, e no céu brancas estrelas,
De inquietas folhas, cantilenas sempre iguais,
Estão tremendo - sob o mundo e suas mazelas.


William Butler Yeats
("The sorrow of Love")
Tradução; André C S Masini

terça-feira, 21 de julho de 2009

Queda Prohibido




¿Que es lo verdaderamente importante?
busco en mi interior la respuesta
y mi es tan dificil de encontrar.
Falsas ideas invaden mi mente,
acostumbrada a enmascarar lo que no entiende
aturdida en un mundo de falsas ilusiones,
donde la vanidad, el miedo, la riqueza,
la violencia, el odio, la indiferencia,
se convertien en adorado0s héroes.
Me preguntas como se puede ser feliz,
cómo entre tanta mentira purde uno convivir,
es cada uno quien sw tiene que responder,
aunque para mi, aqui, ahora y para siempre:

Queda prohibido llorar sin aprender,
levantarte un día sin saber que hacer,
tener miedo a tus recuerdos.

Queda prohibido no sonreír a los problemas,
no luchar por lo que quieres,
abandonarlo todo por miedo,
no convertir en realidad tus sueños.

Queda prohibido no demostrar tu amor,
hacer que alguien pague
tus deudas y el mal humor.

Queda prohibido dejar a tus amigos,
no intentar comprender lo que vivieron juntos,
llamarles solo cuando los necesitas.

Queda prohibido no ser tú ante la gente,
fingir ante las personas que no te importan,
hacerte el gracioso con tal de que te recuerden,
olvidar a toda la gente que te quiere.

Queda prohibido no hacer las cosas por ti mismo,
no hacer tu destino,
tener miedo a la vida y a sus compromisos,
no vivir cada día como si fuera un último suspiro.

Queda prohibido echar a alguien de menos sin
alegrarte, olvidar sus ojos, su risa,
todo porque sus caminos han dejado de abrazarse,
olvidar su pasado y pagarlo con su presente.

Queda prohibido no intentar comprender a las personas,
pensar que sus vidas valen mas que la tuya,
no saber que cada uno tiene su camino y su dicha.
!Queda prohibido!

Queda prohibido no crear tu historia,
tener un momento para la gente que te necesita,
no comprender que lo que la vida te da,
también te lo quita.

Queda prohibido no buscar tu felicidad,
no vivir tu vida con una actitud positiva,
no pensar en que podemos ser mejores,
no sentir que sin ti este mundo no sería igual.

Queda Prohibido - não é de Pablo Neruda, Queda Prohibido e de autoria de Alfredo Cuervo Barrero

Nota:
1º) El poema Queda Prohibido está inscrito en el registro de Propiedad Intelectual de Vizcaya a nombre de Alfredo Cuervo Barrero. Número de inscripción BI -13- 03.

2º) La fundación Pablo Neruda de Chile ha negado que este poema pertenezca al poeta, puede corroborarlo enviándoles un e-mail en su página Web.


quinta-feira, 11 de junho de 2009

Amor impossível



Um amor impossível viver,
é um eterno renascer,
na esperança de um dia o viver...
Sem dúvida um lindo pensamento...
O amor impossível é um doce tormento,
que à vida pode até dar um novo alento,
embalando nosso sentimento...


Marcial Salaverry


PS Dia 12 de junho "Dia dos Namorados"

sábado, 23 de maio de 2009

Sete anos

orkut e hi5, Corações, mãos, coração com as mãos, imagem de coração, coração para orkut


Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.


Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando- se com vê la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.


Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;


começa de servir outros sete anos,
dizendo:-Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida


Luis Vaz de Camões


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Gracias a La Vida


Composição: Violeta Parra


Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio dos luceros, que cuando los abro,
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el oído que en todo su ancho
Graba noche y día, grillos y canarios,
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos,
Y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado el sonido y el abecedario;
Con el las palabras que pienso y declaro:
Madre, amigo, hermano, y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la marcha de mis pies cansados;
Con ellos anduve ciudades y charcos,
Playas y desiertos, montañas y llanos,
Y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano,
Cuando miro al bueno tan lejos del malo,
Cuando miro al fondo de tus ojos claros.

Gracias a la vida que me ha dado tanto.
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto.
Así yo distingo dicha de quebranto,
Los dos materiales que forman mi canto,
Y el canto de ustedes que es mi mismo canto,
Y el canto de todos que es mi propio canto.
Gracias a la vida que me ha dado tanto.


 
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