quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quero uma solidão, quero um silêncio,



Quero uma solidão, quero um silêncio,

uma noite de abismo e a alma inconsútil,

para esquecer que vivo,

l ibertar-me das paredes,de tudo o que aprisiona,

vencer tempos pululantes de enredos e tropeços,

quebrar limites, extinguir murmúrios,

deixar cair as frívolas colunas de alegorias vagamente erguidas.

Ser tua sombra, tua sombra, apenas,

e estar vendo e sonhando à tua sombra,

a existência do amor ressuscitada.

Falar contigo pelo deserto.

(Cecília Meireles)

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