Congresso Nacional e Ipê Amarelo
Semibiográfico,poesias, crônicas, contos e haikais. "Eu canto porque o momento existe e a minha alma está completa. Não sou alegre nem sou triste: Sou poeta."
Congresso Nacional e Ipê Amarelo
Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,
voou, voou, voou, voou, voou
e a menina que gostava tanto do bichinho,
chorou, chorou, chorou, chorou, chorou
Sabiá fugiu pro terreiro,
foi cantar no abacateiro
e a menina pos-se a chamar:
“Vem cá, sabiá. Vem cá”
Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,
voou, voou, voou, voou, voou
e a menina que gostava tanto do bichinho,
chorou, chorou, chorou, chorou, chorou
A menina diz soluçando:
“Sabiá estou te esperando”
e o sabiá responde de lá:
“Não chores que vou voltar”
baião dos anos 50
por Hervé Cordovil e Mário Vieira
Estou com saudades (saudades no plural, contrariando as regras do português escorreito, mas seguindo as regras do coração) da velha infância. Será que é por conta do mês de junho, mês de folguedos, de comidas tipicas?
Antigamente, na pequena aldeia de Ibuiky, no dia 24 de junho acendiam fogueiras nas portas das casas, e se faziam comadres e compadres de fogueira, dançavam quadrilhas. Será que a modernidade venceu a tradição?
Ai, quem diria, estou com saudade até de banda de pífano... E, aí eu fiz um exercicio mental: nomes dos colegas de escola - Elza, Mazé, Soledade - as duas - uma magra e outra gorda, Dorinha, Jacinta, Socorro, Lourdinha, Laodiceia, Das Neve, Siang... Caramba, só me lembro das meninas, e dos meninos nenhum nome!!! Continuo tentando me lembrar de coisas e frutas que não encontro acá: pitomba, murici, umbu, caju, ingá, milho assado, ouricuri, laranja cravo, carambolas, juá, gogóia, araçá...
Estou velha, com certeza, e a prova não é o espelho, é a alegria de olhar o passado, alegria muito maior que olhar para frente...
Hoje me deu tristeza,
sofri três tipos de medo
acrescido do fato irreversível:
não sou mais jovem.
Discuti política, feminismo,
a pertinência da reforma penal,
mas ao fim dos assuntos
tirava do bolso meu caquinho de espelho
e enchia os olhos de lágrimas:não sou mais jovem.
As ciências não me deram socorro,
não tenho por definitivo consolo
o respeito dos moços.
Fui no Livro Sagrado
buscar perdão pra minha carne soberba
e lá estava escrito:
"Foi pela fé que também Sara, apesar da idade avançada,
se tornou capaz de ter uma descendência..."
Se alguém me fixasse, insisti ainda,
num quadro, numa poesia...
e fossem objetos de beleza os meus músculos frouxos...
Mas não quero.
Exijo a sorte comum das mulheres nos tanques,
das que jamais verão seu nome impresso e no entanto
sustentam os pilares do mundo,
porque mesmo viúvas dignas não recusam casamento,
antes acham sexo agradável,
condição para a normal alegria de amarrar uma tira no cabelo
e varrer a casa de manhã.
Uma tal esperança imploro a Deus.
Adelia Prado
Paul Lung é um japonês de apenas 38 anos de idade e, seus trabalhos parecem fotografias, mas são desenhos; utilizando apenas lapiseiras de 0.5mm, sem usar borracha, Paul Lung gasta 60 horas para criar cada um desses desenhos. Dizem que normalmente as pessoas duvidam que sejam desenhos e Lung tem que enviar vídeos para comprovar sua técnica.
Fonte: http://www.beautifullife.info/.