Sófocles, trad. Lawrence Flores Pereira.
Coro de Antígona, 332-375
Pollá tá deiná…
Há muitos assombros,
mas nada tão assombroso
quanto o homem
É ele que, sobre o branco do mar,
por entre os vórtices das vagas,
foge ao tempestuoso vento sul.
E a maior dentre as deusas, a terra
indestrutível e infatigável,
ele gasta indo e vindo o arado ano a ano,
lavrando com a estirpe eqüina.
E o povo dos voadores pássaros
o homem destro em rastros, com redes
bem tramadas, após emboscá-lo
o caça, e a tribo da animália bruta,
e a prole que do sal do mar se nutre,
e enreda com trapas as feras rudes
que rondam nos penhascos,
e o cavalo de lombo hirsuto
ele o prende, jugando a nuca,
e o indomável touro das montanhas.
E a palavra e o pensamento alado
e o elã que governa a cidade
aprendeu, e a fugir das borrascosas
flechas e dos granizos
dos inóspitos climas:
pleno de tramas, preso nas tramas
de nada que está por vir. Só não sabe
fugir ao sítio dos mortos,
mas contra as insanáveis pragas
um remédio ele urdiu.
Tendo algo do sábio e dos ardis
da arte bem mais que o esperado,
um dia alcança o mal, no outro, o bem.
Urdindo nas leis da terra
e na justiça jurada aos deuses,
é um grande na pátria, pária na pátria
se na audácia lhe escapa o bem.
Jamais partilhe meu Fogo
nem meus pensares
quem assim age.
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