Os melhores anos da minha vida
Os melhores anos da minha vida
passaram comigo ausente, passaram
numa corrente subterrânea.
Não me apercebi de nada, distraído
com a queda das folhas,
a densa mistura de pão e desordem.
Estava tudo em aberto, mas eu não sabia
senão de pequenas querelas,
e tímidos passos à toa, sempre à espera
de não ter futuro. Sentado, como um pobre,
sobre o poço de petróleo,
eu media com tesouras as semanas,
misturava-me com livros, ansiava
pelo dia em que deixasse de sangrar.
Os melhores anos da minha vida
troquei-os por isto.
josé miguel silva
vista para um pátio seguido de desordem
relógio d'água
2003.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
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Poetas luso
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