I- Colocam-se as mãos à volta da rosa, sem lhe tocar, para lhe roubar a forma, das pétalas ao pé.
II- Toca-se na rosa com a boca,até nossos lábios serem pétalas
III-Aspira-se-lhe o perfume intensamente,até substituir o sangue em nossas veias por inteiro.
IV-Fecham-se os olhos,e, como num sonho,levamos a rosa para dentro do nosso coração.
V-Embrulha-se a rosa no nosso olhar,atada com os fios do vento.
VI-Atrai-se a rosa a um encontro, num lugar secreto da nossa alma, e não se deixa mais sair de lá.
VII-Olha-se a rosa fixamente,e com o fio de aço do nosso olhar,corta-se-lhe o pé.
VIII-Tira-se todo o jardim à volta da rosa, para que ela venha até nós, ferida de solidão.
IX-Captura-se-lhe a chama quando a sua cor se confunde com o poente ou o raiar da manhã.
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X-Deixa-se que o crepitar da rosa entre em nossa alma, misturado com o sussurrar de uma
seara.
XI- Faz-se-lhe uma emboscada quando o vento da tarde transporta o seu perfume dum lado para o outro.
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XII-Esperamos pacientementé que se dilua no orvalho que a cobre toda, e bebemo-la depois, gota a gota.
XIII-Deixamos a rosa, livre, intacta, para a podermos colher,com a avidez dos nossos sentidos.
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António Simões
* O título é uma glosa do poema de Wallace Stevens "Treze Maneiras de Olhar um Melro".
* O título é uma glosa do poema de Wallace Stevens "Treze Maneiras de Olhar um Melro".
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