quarta-feira, 25 de junho de 2008

Canção para minha morte


Van Gogh

Bem que filho do Norte,


Não sou bravo nem forte.


Mas, como a vida amei


Quero te amar, ó morte-


Minha morte, pesar


Que não te escolherei.



Do amor tive na vida


Quanto amor pode dar:


Amei, não sendo amado,


E sendo amado, amei.


Morte, em ti quero agora


Esquecer que na vida


Não fiz senão amar.




Sei que é grande maçada


Morrer, mas morrerei-


Quando fores servida -


Sem maiores saudades


Desta madrasta vida,


Que todavia amei.



Manuel Bandeira

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