Bem no fundo do sonho estão os sonhos.
A cada noite quero perder-me nas águas obscuras
Que lavam o dia, mas sob essas puras
Águas que nos concedem o penúltimo Nada
Pulsa na hora cinza o obsceno portento.
Pode ser um espelho com meu rosto distinto,
Pode ser a crescente prisão de um labirinto
Ou um jardim. O pesadelo sempre atento. Seu horror não é deste mundo.
Causa inominada Alcança-me desde ontem de mito e de neblina;
A imagem detestada perdura na retina
A infama a vigília como a sombra infamada.
Por que brota de mim, quando o corpo repousa
E a alma fica só, esta insensata rosa?
Jorge Luis Borges
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Bem no fundo do sonho estão os sonhos.
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Prosa poética
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