REQUIEM POR MIM
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim.
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os órgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei.
E caísse de pé, num desafio
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.
MIGUEL TORGA (1907 – 1995), DIARIO XVI
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Desaguar
Marcadores:
Poetas luso
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário