terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A MORTE - Miguel Torga





E o Poeta morreu.
A sombra do cipreste
pôde enfim
Abraçar o cipreste.,
O torrão
Caiu desfeito ao chão
Da aventura celeste.
Nenhum tormento mais,
nenhuma imagem
(No caixão, ninguém pode Fantasiar).
Pronto para a viagem
De acabar.
Só no ouvido dos versos,
Onde a seiva não corre,
Uma rima perdura
A dizer com brandura
Que um Poeta não morre.

In Nihil Sibi, 1948

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