segunda-feira, 17 de novembro de 2008

ANALOGIA





Amo o Inverno assim triste, assim sombrio,
lembrando alguém que já não sabe amar;
e sempre, quando o sinto e quando o espio,
julgo-te eterizado, esparso no ar.

Afoita, a alma do Inverno desafio,
para inda te querer e te pensar...
para gozá-lo e gozar-te, que arrepio!...
que semelhança em ambos singular!...

Loucura pertinaz do meu anelo:
— emprestar-te, emprestar-lhe uma emoção,
— pelo mal de perder-te querer tê-lo...

Amor! Inverno! Minha aspiração!
quem me dera resfriar-me no teu gelo!
quem me dera aquecer-te em meu verão!...

Gilka da Costa de Melo Machado (Rio de Janeiro RJ 1893-1980)


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