terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Procura


Procurarei meu rosto na água, no vidro,
nos olhos alheios.
Duvidarei de mim, que me contemplo,
Da água, dos vidros , dos olhos que me refletem.

Procurarei meu rosto dentro da terra,
no chão do planeta onde vou ficar...
Em que pólo te poderei alcançar, ó rosto meu,
incerto e fixo

Ó fugitivo predeterminado,
Ó eterno mortal?

Procuro-te – para sentir o molde de onde vieste,
Ó cópia dolorida.

Que conseguiste, afinal,
preservar da essência a que pobremente serves?


Cecília Meireles

Nenhum comentário:

 
DESAPARECIDOS: Clique aqui e coloque no seu Blog!